29 de julho de 2013

Quero dar emprego para os jovens, Santo Padre, mas o Estado não deixa


É muito bonita e reconfortante a mensagem do Papa Francisco pela inclusão dos jovens do mercado de trabalho, sua preocupação com o desemprego em massa, etc. Mas sinto uma aflição imensa com a falta de uma mensagem que expresse com mais objetividade essa questão. Quando o Papa aponta uma crítica para a globalização procuro fazer um esforço no sentido de interpretar essa crítica de um ponto de vista que conflita com uma atitude humanista promovida pela Igreja. No entanto, temo que as palavras do Papa apenas reforcem o brutal avanço do Estado sobre as iniciativas individuais. No mundo todo, sob o pretexto de justiça social, os governos estão destruindo a iniciativa dos que geram empregos, principalmente para os mais jovens: impostos draconianos, políticas esbanjadoras que promovem vícios sociais, incremento da burocracia, leis que paralisam o crescimento das empresas, desindustrialização, empobrecimento do ensino, promoção de ideologias marxistas nas escolas, etc. Sem contar a tropa avant-garde do estatismo que agora chega com força total, prometendo um futuro ainda mais sombrio para quem produz: a obrigação de cumprir rituais de responsabilidade social, ambiental, com as minorias, movimentos sociais, etc. E tudo isso para sustentar Estados que, além de podres de corrupção, não fazem outra coisa a não ser perseguir a Igreja e seus fiéis com leis que a médio-prazo apenas expulsarão os cristãos da vida pública. É fácil perceber isso em discursos como o da presidente Dilma no início da JMJ, onde ela flagrantemente tentou parasitar a ação e a autoridade espiritual do Papa para os interesses desse César amoral e sem limites. É fácil perceber isso na lisonja permanente do Papa como 'o papa da ruptura' e outros epítetos que parecem querer pautar a ação da Igreja para um compromisso mais radical com a tal 'modernidade'.

Quando o Papa fala da 'idolatria do dinheiro' eu consigo entender a conexão com os ensinamentos evangélicos. Mas para a cultura geral eivada de preconceitos de origem marxista, soa como uma condenação a quem empreende, a quem busca oferecer serviços a sociedade, finalmente, ao empresário, o empreendedor. O rebanho, ao meu parecer, volta-se então para as promessas dos políticos, todas bem trabalhadas nas mais elaboradas técnicas publicitárias para explorar o ressentimento, a inveja, o ódio e, como é de se esperar, aumentar ainda mais o poder do Estado Moderno e sua capacidade de promover mais materialismo e destruição dos pilares civilizacionais.

Longe de mim dizer ao Papa o que ele tem que fazer e pensar. Não faria isso nem que eu fosse um católico exemplar. Escrevo tudo isso como quem busca cada vez mais o amor da sua Igreja, como um filho que reclama com a mãe o porquê de não poder comer mais doces do que eu gostaria, que busca compreensão. Sei que temos que 'dar a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César', mas é impossível não sentir aflição com essa sensação de abandono que fica quando o Papa nos pede para ajudar os jovens, e não dá nem um pio em prol daqueles que tentam possibilitar isso no dia-a-dia, na vida real, lutando como Davis contra um Golias cada vez mais cruel e abusado.