17 de maio de 2015

Simulacro e simulação



Tem uma coisa que todo mundo aqui na internet, nas redes sociais, anda esquecendo: isso é tudo SIMULACRO e SIMULAÇÃO.
Eu não sou o que sou aqui e você não é o que está aqui. Na vida real eu sou algo bem melhor do que está aqui, mas também algo bem pior do que está aqui. Você também é algo melhor do que está aqui, e também algo bem pior do que está aqui. Essa é a verdade. Toda amizade é incompleta. Quase toda briga aqui inútil, patética, porque até a ofensa de alguém que não existe contra alguém que é fumaça e papelão é incompleta sem o respectivo crispar de mãos e sangue nos olhos.
Parem de fingir que a verdade da vida está aqui no Facebook, ou no Twitter, ou no Whatsapp, pô! Isso aqui está machucando vocês, falsificando vocês, enganando vocês. Esse teatro todo não dá conta da complexidade de cada um de vocês. Jamais troquem laços fortes e verdadeiros com os que possivelmente possam ser feitos nesta maravilha da modernidade chamada internet. Nada ainda substitui o olho no olho, o ombro a ombro, a companhia do outro - especialmente nas batalhas do dia-a-dia. Um amigo só se reconhece no dia-a-dia, um filha-da-puta também
É por isso que hangouts me dão um sono. Quando os caras ainda estão um aqui no meio da floresta, outro em SP e outro na Virgínia ainda compreendo; mas hangout de marmanjo na mesma cidade é o cúmulo da pau-molice de moleque de condomínio. Ah, vá! Não acredito em movimento intelectual/político sem rodadas de cerveja, sem amigo acudindo o porre do outro, sem flerte com a amante alheia, ou possibilidade de briga às três horas da manhã. Nem acredito em movimento intelectual/político de mulheres que não se encontram, que não fofocam juntas, que não falam do pau do marido umas para as outras, ou que não trocam receitas de como criar os filhos e preparar a janta.
Sei que é uma merda não pertencer a um mundo onde a esquerda lobotomizou a quase todos. Sei que é uma merda às vezes viver numa cidadezinha onde você não tem nem com quem conversar. Mas não deixem o limbo em que vocês se meteram destruir quem vocês são. Haverá decepções? Sim, haverá. Mas existirá menos solidão, menos desespero virtual; seja por vaidade, seja por auto-afirmação. E certamente haverá mais mudanças reais no que deixa a todos indignados.
Chegou o tempo das canecas quebradas! Chegou o tempo de quebrar bar!

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