A
Universidade Federal do Pará também é refém da mesma "democracia"
estudantil que atrasa a USP e a maioria das universidades brasileiras.
Me chamo
José Antônio Costa Filho , criado em um bairro de periferia de Belém trabalho deste
os 14 anos, (por opção própria não necessidade) tenho 31 anos, não bebo ou
fumo, sou católico praticante, branco, heterossexual, nascido em uma família
estruturada de classe media baixa, onde tive uma infância confortável (não
luxuosa) e feliz estudei em escolas particulares e me formei em Pedagogia, pela Universidade Federal do Pará.
Entrei no
movimento politico estudantil ainda no ensino médio onde organizei o grêmio
estudantil, e vi pela primeira vez como a UBES assim como a UNE é um feudo
impenetrável do PC do B. Naquele ano ganhou em Belém um prefeito de esquerda,
Edmilson Rodrigues (era do PT hoje do PSOL) e fiz parte de um grupo chamado JRC
– Juventude Revolucionária Cabana, que a maior parte dos membros era do PT (na
verdade o único que não militante era eu), lá tive contatos com as obras do
Manifesto Comunista e me encantei pelas ideias e comecei a me aprofundar nos
estudos, passei no Vestibular em 2002, na terceira tentativa, no curso de
Pedagogia, pois eu achava (e ainda tenho fé nisso) que a educação é a chave do desenvolvimento.
Quando
cheguei ao curso a universidade era REALMENTE sucateada, carteiras, janelas e
ventiladores quebrados, alunos sem acesso aos poucos computadores , mato pro
todo o lado e toda vez que chovia para sair da sala para o terminal de ônibus a
agua barrenta batia na altura do joelho, e o meu curso estava sem centro
acadêmico fazia dois anos, por brigas politicas internas.
Organizei o
CA e fiz parte de duas gestões, após mobilizar os alunos o que chamou a atenção
e apoio de militantes do PT e PSTU, o que me permitiu ir ao Fórum Social
Mundial em Porto Alegre , fato que causou estranhamento pois eu era
calouro e de todo o movimento estudantil
eu era o mais novo, vi e ajudei a
criação do PSOL no Pará, fui da Executiva Nacional de Pedagogia do Pará, e só
não fui do DCE por que não quis.
Ao entrar na
politica estava interessado em ajudar a resolver os problemas da universidade,
porem acabei em atritos com meus “companheiros” por comportamentos que eu
condenava, pois eu achava mais urgente resolver o problema das salas sucateadas
a fazer protestos “Fora Bush e FMI” e que eu achava que a prioridade seria
estruturar a sala do CA com a compra de um computador e não gastar o dinheiro
de três meses de aluguel da xerox (esse aluguel é que patrocina o movimento
estudantil na UFPA) para produzir panfletos onde o Babá do PSOL ataca o Bush
(fiquei MUITO chateado com isso , porem eu era voto vencido), por essas e
outras eu era chamado (pelas costas) de “burguesinho religioso” apelido esse
que ganhou força após eu impedir um “protesto” de alguns militantes contra a
Igreja Católica, motivada pelo fato de uma Freira (Irmã Lenise) havia passado
no vestibular e o alvo da “manifestação”
era ela.
Percebi depois de um tempo que muitos
militantes eram “estudantes profissionais”
que estavam nas universidades mais para marcar os territórios políticos
do que para estudar (sendo que alguns recebiam para isso). Ajudei na eleição da
chapa Removendo as Múmias para a Executiva Nacional de Pedagogia na UEPA, fato esse que me arrependo
profundamente, pois retirei uma múmia para por outra, eles se elegeram logo
após a minha eleição, eu fiquei no poder por exatos um ano e dois meses , e só
fiquei dois meses a mais por causa de uma greve que impossibilitou o pleito ,
já a chapa da UEPA ficou uns dois ou três anos no cargo ( na verdade nem sei se
eles saíram), fato comum que percebi na minha experiência na politica
estudantil , foi a RECUSA de alguns
em sair de cargos por eles ocupados.
Fui eleito
para a Executiva Nacional de Pedagogia, porem só pude exercer depois de quase três
messes, pois a antiga gestão se recusava a entregar a chave da sala e qualquer
documentação, só após ameaçar ir em sala por sala relatar o ocorrido além
chamar um chaveiro é que entregaram a sala e o
cargo . Esse cargo, exerci sozinho, o que, apesar da Executiva não ter
fonte alguma de renda, me deu liberdade administrativa, recebi a sala suja, com
teias de aranha e nem carimbo ou livro ata ela tinha, isso eu ia mudar, nessa
época devido a proporcionalidade o CA de pedagogia ficou dividido em dois de um
lado PCdoB do outro PSOL e PSTU, a briga entre os dois acabou por fazer que o
CA ficasse inoperante por todo o mandado fazendo que eu assumisse também o
papel do CA na representatividade estudantil.
Na época ia
acontecer o Encontro Paraense de Pedagogia e eu tinha que organizar SEM APOIO OU PATROCÍNIO DE NINGUÉM,
pois o CA estava em guerra (o único consenso deles era em me atacar) e o Centro
de Educação não queria se meter , tentei apoio da SINTUFPA que me prometeu
R$200,00 de apoio , porem guando a presidente do sindicado (minha professora)
soube que eu ia cobrar os “abusivos” R$15,00 de inscrição sem alimentação e
R$35,00 com alimentação (café, almoço e jantar) nos CINCO dias do evento (que ofereceu oficinas, palestras, mesas
redondas, seguranças 24horas contratados, serviço de enfermaria, duas noites de
festa, hospedagem a todos os inscritos mais bolsa do evento em tecido, copo
plástico , caneta e lápis) mandou cortar o apoio , pois com essa cobrança eu
estava PRIVATIZANDO A UNIVERSIDADE.
Alguém me
explica como se organiza um evento para cerca de 1000 pessoas sem verba alguma?
Fui em sala
em sala e consegui que os alunos me ajudassem na organização do evento, o único
grupo politico que me ajudou na organização foi o PSTU, logo no começo das
reuniões de organização do evento foi
decidido que SE sobrasse alguma
verba do evento era seria usada para a estruturação da sala da executiva, a
possibilidade de conseguirmos realizar o evento era pequena, imagina sobrar
verba!
Batendo em
porta em porta conseguindo apoio de empresas que nem fizeram questão de serem
mencionadas e gerindo com mão de ferro a verbas das inscrições, por um milagre
sobrou EXATAMENTE R$1700,00, ou
seja, a verba para estruturar a sala, nessa época o PSTU estava organizando um
ônibus pra ir protestar em Brasília contra o Lula (a manifestação que subiram a
esplanada e quebraram os vidros) faltava verba para isso e ao saberem do valor
os outros membros da organização que por COINCIDENCIA
eram do PSTU me ligam numa terça feira as duas da tarde, marcando uma reunião
para quarta feira as cinco horas da tarde para “dar uma nova destinação
adequada para a verba do evento” , nesse momento deliguei o telefone, pus uma
camisa, peguei o dinheiro e ainda nessa tarde comprei uma ar condicionado e um
computador usados, uma caixa de som , um
microfone profissional, uma maquina fotográfica, um caderno de ata , uma
almofada de carimbo, tinta de impressora e um carimbo. No outro dia ao chegarem
na sala e ao se depararem com o que eu tinha comprado, perguntaram o que eu
tinha feito com o dinheiro, mostrei as notas , que provavam o gasto de
R$1500,00 e disse que os R$200,00 que havia sobrado teriam o seguinte destino,
R$50,00 para bancar a eleição dos meus sucessores e R$150,00 seria para eles
poderem gerir a sala. Fui acusado aos berros de golpista, que eu não podia ter
feito isso, que o dinheiro ia ser usado para bancar o ônibus, me limitei a
lembra-los que na PRIMEIRA REUNIÃO (registrada
em ata) o destino do dinheiro era EQUIPAR
A SALA, e, se eu utilizei o dinheiro INOCENTEMENTE
ANTES de uma nova reunião, que ia dar OUTRO
destino ao dinheiro eu não podia fazer nada.
Ao realizar a
eleição que ia me suceder percebi que eu AINDA
era o membro mais novo no movimento estudantil e eu estava no meu ultimo ano
prestes a me formar, me recusei a fazer parte de um novo pleito, pois na minha
cabeça era hora de ajudar a formar novas lideranças, formei discretamente uma
chapa composta SOMENTE por
estudantes que não faziam parte do movimento e não eram ligados a partido
politico nenhum com o intuído de formar uma chapa POLITICA não POLITIQUEIRA,
eles se inscreveram no ultimo dia para formar chapas, para a surpresa de outros
grupos políticos que achavam até que alguns membros desta gestão iria fazer
parte da chapa deles ,o único grupo que consegui formar uma chapa foi o PCdoB ,
que foi derrotado de forma esmagadora surgindo assim um CA (do qual eu não era
parte) que conseguiu reestruturar o CA de pedagogia.
Quando sai da
Executiva Nacional de Pedagogia escutei dos alunos que me apoiavam uma aposta
sobre o que iria “desaparecer” primeiro da sala após a minha saída, eu
brincando, falei que primeiro seria a maquina fotográfica e por ultimo a caixa
de som, depois de formado, um dia desses fui ao CA e descobri que a caixa de
som havia sido perdida em um encontro que ocorrera semanas antes, e que ninguém
sabia onde andava a chave da sala da executiva.
Apesar da
militância que fiz, de ter me formado no tempo certo e ter sido bolsista de
projeto de pesquisa (LACOR), fui atacado varias vezes, não por má
administração, mas pela minha opção sexual, cor, religião e valores que me
faziam membros da “elite”, e não um dos excluídos, devendo eu me calar e
aceitar calado insultos, por eu defender com unhas e dentes certos valores e
preceitos.
Pergunto-me
porque as pessoas não vêm à diferença de FASCISMO
DE ESQUERDA COM FASCISMO DE DIREITA, porque se a imprensa que mostra os
erros do governo é MÍDIA REVOLUCIONÁRIA
e se a esquerda sobe ao poder e a imprensa mostra seus erros vira IMPRENSA GOLPISTA, se você é agredido é
ATAQUE COVARDE se você agride É REVOLTA POPULAR. Certo sei que a
democracia é uma merda por vários fatores, MAIS
NÃO INVENTARAM NADA MELHOR, representar os outros é OUVIR A VONTADE E ANSEIOS DA MAIORIA DO POVO QUE REPRESENTA,
RESPEITANDO A MINORIA e não impor a VONTADE
DE UMA MINORIA.
Despeço-me deste relato com um pedido,
continuem lutando por seus direitos, exijam melhorias para você e todos aqueles
que iras representar, sejam democráticos, éticos e políticos, não com uma
politica velha e ultrapassada mais de uma nova em que você ajudará a criar.
SAUDAÇÕES A
TODOS.